segunda-feira, 7 de maio de 2007

Impactos Social da Automação

Fala-se em evolução dos robôs, mas não se pode esquecer dos impactos sociais que eles podem causar a sociedade. E quando se fala em impactos causados pela robótica o primeiro fator que nos vem a cabeça é o desemprego.
As transformações que ocorrem, causadas pelo advento dos robôs, muitas vezes podem não estar visíveis para grande parte das pessoas que não convivem no ambiente fabril, contudo a ascensão da robótica nas fábricas faz parte da mesma tendência que vem determinando, nos últimos anos, a crescente automatização dos bancos, do comércio e das empresas em geral, causados pelo advento da informática.
No que se refere ao meio fabril, por um lado as indústrias recrutam robôs e computadores guiadas por uma necessidade crucial para sobrevivência no mercado, de forma a conquistar maior produtividade e qualidade para seus produtos, de forma barata e assim assegurar competitividade frente aos concorrentes. Por outro lado os trabalhadores, ficam aterrorizados com a possibilidade de perda de emprego, causados pelos impactos que os robôs exercem sobre o nível de emprego. Certamente os robôs se instalam no lugar dos homens, muitas vezes um robô substitui dezenas ou até centenas de homens em uma linha de produção.
Este temor de desemprego vem aumentando a cada dia que passa. A queda nos custos dos robôs tornando-os acessíveis para muitos setores da indústrias, fez com que eles (os robôs) pudessem competir com a mão de obra barata, como a existente nos países do terceiro mundo, ameaçando o emprego de muitos trabalhadores. Muitas empresas multinacionais, que se instalavam em países subdesenvolvidos para utilizar-se do recurso "mão de obra barata", já estão pensando em reverter essa tendência e concentrar suas operações nos seus próprios países de origem, utilizando robôs para baratear seus custos.
O uso de robôs para as indústrias passa a ser uma questão de sobrevivência, assim, resistir ao uso dos robôs é uma batalha perdida, principalmente devido a forma acelerada com que eles caem de preço. Além disso, o sucesso que as empresas e países usuários de robôs vem obtendo é alto. O Japão por exemplo, em 10 anos conseguiu quadruplicar a sua produção de automóveis, mantendo praticamente a mesma força de trabalho.
Um estudo conduzido no Japão em 1983 mostrou que existiam no início de 1981, no Japão, cerca de 25000 robôs, cujo valor médio de mercado era de US$17000. Desses robôs espera-se uma vida útil de seis anos, desde que trabalhem 22 horas por dia, durante os sete dias por semana. Fazendo-se as contas, percebe-se que nesses seis anos o robô trabalhará cerca de 48000 horas. Isso equivale ao que o operário médio japonês consegue trabalhar em 30 anos, já que trabalha apenas 40 horas por semana. O custo do operário médio para as empresas japonesas, sendo de US$13000 por ano. Pode se notar a vantagem que os robôs possuem sobre os operários.
Quando se fala em desemprego, é necessário ressaltar que, não existem somente os empregos destruídos. Existem também os empregos modificados. Habilidades pacientemente adquiridas por trabalhadores, são, para alguns, bruscamente desqualificadas, porque foram tornadas inúteis pelo movimento do braço do robô.
Não resta dúvida , que o que deve ser feito não é impedir o advento dos robôs, pois isto seria praticamente impossível. Por outro lado, não se deve assistir passivamente à sua chegada. O caminho é lutar para que sejam implantadas medidas que contraponham os seus possíveis impactos negativos.
Por exemplo, um estudioso inglês chamado Tom Stonier, diz que o caminho seria que os governos adotassem programas maciços de educação gratuita em todos os níveis. Isto aumentaria a capacitação dos indivíduos, o que possibilitaria que descobrissem novas formas de utilização dos robôs e dos computadores e, consequentemente, novos serviços e produtos viessem a ser inventos ou gerados.
Segundo um outro estudo feito por uma entidade sindical inglesa, a APEX, só existe uma forma, não de se evitar desemprego, mas de se atenuar os seus males. Essa saída é através de uma atuação conjunta entre governo, sindicatos e empresários no sentido de estudarem cada setor da economia e cada ramo de atividade, estabelecendo impostos para as empresas que obtiverem ganhos em produtividade conseguidos às custas da automatização de funções outrora manuais. Esses impostos teriam uma destinação específica, qual seja, a criação de empregos públicos em áreas como saúde, educação, etc...
Uma outra instituição muito importante que se tem dedicado a estudar este assunto é a OIT- Organização Internacional do Trabalho, organismo vinculado à ONU que já publicou várias pesquisas a respeito. As recomendações da Organização para que se consiga reduzir essas altas taxas de desemprego são as seguintes:
1) Reduzir as jornadas de trabalho para 30 horas semanais.
2) Criação de empregos no setor de serviços sociais, como saúde e educação.
Uma constante nos estudos referentes às possíveis forças atenuantes do desemprego é a referência à importância dos sindicatos de trabalhadores. Existem inúmeros exemplos provenientes de países com Alemanha, Suécia e França, entre outros da Europa Ocidental, onde atividades industriais foram automatizadas mas, por pressão dos sindicatos dos trabalhadores, as empresas não puderam dispensar seus empregados e tiveram de reaproveitá-los em outras funções. Isso evidencia uma outra arma importante no combate ao desemprego provocado pela máquina: o poder sindical, o qual por sua vez é dependente de uma sociedade civil forte. A existência de uma sociedade civil forte é importante não apenas para garantir sindicatos autônomos que possam defender seus filiados, mas também para permitir que toda essa discussão acerca da melhor distribuição dos frutos do progresso técnico seja feita de uma forma democrática, com participação de todos os segmentos da sociedade.
Uma outra forma muito importante para se conseguir atenuar os impactos negativos da robotização é o investimento maciço na indústria da construção civil, já que este é o segmento da economia com maiores condições de se transformar em absorvedouro de mão-de-obra não especializada. Além disso, a construção civil ainda demorará bastante até passar a ter os seus processos sendo realizados de forma robotizada ou automatizada. Ressaltando que quando se fala em construção civil não se está pensando somente em rodovias, pontes ou edifícios, mas principalmente em habitações populares, escolas e postos de saúde.
Um outro instrumento muito utilizado em praticamente todos os países desenvolvidos para atenuar os males do desemprego, é o salário desemprego.